10 de novembro de 2007

Lá vem história...

O som da floresta

Há muito tempo, no terceiro século a.C., o rei Ts’ao mandou seu filho, príncipe Tai ao templo para estudar sobre o grande mestre Pan Ku. Antes do príncipe Tai tornar-se rei, o que só aconteceria mediante a morte de seu pai, Pan Ku teria que ensinar ao príncipe jovem a sabedoria que necessitaria para ser um bom rei.
Quando chegou o príncipe ao templo, o mestre o mandou à floresta Ming-li sozinho. Depois de um ano o príncipe teria que voltar ao templo e descrever o som da floresta.
Quando o príncipe Tai voltou depois deste ano, Pan Ku pediu ao jovem para descrever tudo o que viu. “Mestre”, ele contestou, “Eu ouvi os cucos cantarem, o ruge-ruge das folhas, os beija-flores zumbirem, os grilos cantarem, o zumbido das abelhas, o coaxar dos sapos, e o vento sussurrar e guinchar”. Quando ele terminou, o mestre lhe disse que ele teria de voltar à floresta e escutar tudo mais que ele pudesse ouvir. O príncipe ficou perplexo. Será que ele não tinha ouvido tudo?
Durante dias e noites sem fim, o jovem príncipe ficou sozinho e quieto na floresta escutando. Mas, não havia mais nenhum som que ele pudesse ouvir. Ele passou semanas assim. De repente, uma manhã quando o príncipe foi sentar em silêncio em baixo de uma árvore, começou a enxergar, ou seja, perceber sons muito leves. Sons que nunca havia ouvido antes. Quanto mais ouvia, mais claros ficavam os sons. Um sentido maior dos mistérios do universo envolveu o jovem príncipe. “Estes devem ser os sons que o mestre quer que eu ouça”.
Quando voltou o príncipe Tai ao templo, o mestre lhe perguntou “O que mais você escutou?”
“Mestre”, respondeu o príncipe em reverência, “quando escutei com mais atenção pude ouvir o despercebido: o som das flores abrindo, o som do sol esquentando a terra, e o som da grama bebendo o orvalho da orvalho da manhã.”O mestre inclinou a cabeça “Ouvir o despercebido” falou Pan Ku, “é conhecimento necessário para ser um grande rei. Só quando o líder aprende a escutar o coração do povo, ouvindo os sentimentos não comunicados, as dores não explícitas, e as reclamações não ditas, pode inspirar confiança ao povo, entender quando algo não dá certo e responder às necessidades verdadeiras do povo. Não é suficiente que os líderes escutem só as palavras e não penetrem na alma do povo para ouvir as opiniões, sentimentos e necessidades verdadeiras. O líder deve perceber os sussurros da alma.”